Bem Vindos

"...Por isso lhe faço esse convite e abro esse espaço onde coloco pensamentos, experiências. Diminuindo distâncias, quebrando barreiras, estreitando laços já firmados e criando outros que com certeza serão abençoados por Deus. Pelo menos tem sido assim em minha vida. A cada dia descubro que Deus está comigo, se revelando em cada pessoa que Ele escolhe e coloca em meu caminho pra ser apoio, guia, porto seguro, enfim... Seja Bem Vindo – AMIGO"
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domingo, 10 de maio de 2009

Diante da janela

O que é a tristeza senão a não aceitação e o desconhecimento dos limites, que são tão próprios do ser humano?

E a felicidade? Essa tão buscada em lugares tão estranhos, de difícil acesso. Terrenos pedregosos, curvas perigosas. Parece que no momento da luta pela felicidade tudo é válido. Loucuras. Desejos. Vaidades... E ainda chamam-na felicidade. Então não sabem o significado dessa palavra? Pois vos digo que é exatamente o oposto de todo o vivido nessa busca, nesse caminho tão perigoso. Como alcançar algo tão sublime de maneira tão banal?

Nesse vale tudo, perde-se muito. E mais. Perde-se o objetivo e vão ficando no caminho, os caminhos que nos são dados por Deus. Os sinais. Os instrumentos. Enfim, o que nos levaria de fato , ao nosso objetivo primeiro.

E vamos nos dispersando. Desperdiçando momentos, pessoas, afeições, carinhos, afetos, olhares, respeito, amizades. E vamos perdendo as manifestações de amor. Do amor de Deus.

Amor. O outro nome da felicidade. Ué? E porque procuramos tanto? Aí está a boa notícia. Muito foi perdido, tudo o que foi a pouco descrito. Mas o amor permanece. Ele nunca nos deixou e nem deixará. O amor não muda de humor. Não se contradiz. Apenas ama. E amando, deseja ser amado para ser completado. Assim ele se manifesta em nossas vidas. Pense, reflita, viva e sinta.

Existem momentos e situações que nos levam a vagar, a viajar numa paz latente. Como o cheiro da chuva, da terra molhada. E vem à memória aquele olhar de criança, que ajoelhada no sofá da sala, espia pela janela. E depois da chuvarada o cantar dos pássaros que saem dos ninhos para anunciar a volta do sol e com ele a liberdade para voar, sem o receio do peso da água nas asas.

Outro momento, porém, na mesma janela, revela outro sentimento.A mesma criança, na mesma posição com o olhar fixo na rua, observando os carros que passam pela rotatória, esperando que um deles seja o dos pais que retornam de uma longa viagem. Momentos de angustia, de tristeza por vezes, quando por essa cabeça inocente, passavam pensamentos de um possível acidente. Medo. Insegurança.

Engraçado como sentimentos tão contrários são tão próximos; separados por uma linha tão tênue. De repente, na mesma janela, aquele olhar se alegra. Novamente àquele sentimento de outrora, manifestado pelo cheiro da chuva, só que agora tem outro motivo:- A chegada dos pais daquele menino.

Em um segundo muitos sentimentos. Muitos pensamentos e um agradecimento. Rápido, desajeitado, ansioso. Afinal o menino não tem tempo, pois ele quer estar à espera com o portão e a porta abertos , quando o carro tão esperado entrar.

Nesse momento o olhar vem denunciar e anunciar que quem está ali em meio a esta cena é a felicidade. Também com aquele outro nome. Lembra? O Amor.

Na vida, muitos são os momentos que nos trazem a tona esse sentimento e muitas vezes nós os consideramos tão pequenos, pela simplicidade dos atos e fatos, que os desprezamos por acharmos que o que vem com ele é equivalente.

Outras vezes somos surpreendidos pelo medo da infantilidade. Nos consideramos adultos demais para buscarmos sentimentos aparentemente infantis. Confundimos simplicidade e pureza com infantilidade e nos esquecemos que é exatamente isso que nos torna adultos melhores e mais responsáveis. E acabamos nos responsabilizando pela nossa própria infelicidade.

Descobrir-se como um ser pequeno, como criança nas mãos de Deus, é nada mais que crescimento e amadurecimento de um adulto que ama a Deus e com isso é feliz. É aceitar os próprios limites, aceitar que está propício ao fracasso, mas que mesmo assim ainda continuará sendo um vencedor. Pois o amor permanecerá sempre. Como um dom que nos foi dado e jamais nos será tirado. E Deus nos revela esse amor em nosso íntimo.

Ele pede ao menino que ajoelhe no sofá, com os olhos esperançosos, diante da janela. Como numa prece. Um olhar cheio de fé, de esperança. Recebendo o amor que vem, seja de carro, seja com a chuva. Ele chega e vem anunciando a eterna felicidade. A ETERNIDADE.

Frederico Daniel