Bem Vindos

"...Por isso lhe faço esse convite e abro esse espaço onde coloco pensamentos, experiências. Diminuindo distâncias, quebrando barreiras, estreitando laços já firmados e criando outros que com certeza serão abençoados por Deus. Pelo menos tem sido assim em minha vida. A cada dia descubro que Deus está comigo, se revelando em cada pessoa que Ele escolhe e coloca em meu caminho pra ser apoio, guia, porto seguro, enfim... Seja Bem Vindo – AMIGO"
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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Belezas no Caminho

Imagine um livro que não tenha um fim. Parece estranho, até mesmo paradoxal, porém, se levarmos em conta que tudo que escrevemos faz parte daquilo que somos, é parte de nós mesmos, veremos que essa ideia não parecerá tão absurda. Afinal, nossa vida também não tem um fim definido. Sabemos que vamos morrer. Sim. No entanto, não sabemos quando, nem como, onde, nem mesmo o que teremos feito quando ela nos chegar. Ela termina sempre antes de escrevermos o último capítulo. Sempre ficam palavras que deveriam ou quereriam ser ditas. Sempre ficam gestos de afeto deixados pra depois. Sempre há aquele sonho adiado. Sempre há a esperança de que o novo se faça, ou que aquele que já é velho em nosso imaginário, se torne um novo, real. 

A vida é assim: a gente escolhe um caminho na esperança de que ele vá nos conduzir a um lugar de alegria. Tolos, pensamos que a alegria está ao final do caminho. E caminhamos distraídos, sem prestar atenção. Afinal de contas caminho é só caminho, passagem, não é o ponto de chegada. Muitos não chegam no lugar sonhado, e, quem chega descobre que a alegria não mora lá. Caminharam sem compreender que a alegria não se encontra ao final, mas às margens do caminho. Assim disse Riobaldo, personagem de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa: "O real não está na saída nem na chegada; ele se dispõe para a gente é no meio da travessia..."

Niestzche se espantava com os turistas que subiam, esbaforidos e suados, os caminho da montanha, querendo chegar lá em cima. Sua pressa não lhes permitia ver as belezas que moravam ao lado do caminho. Assim somos nós em nossas vidas. Saímos correndo, sempre com pressa, sempre muito atarefados, sempre com um objetivo muito bem definido, um ideal almejado que nos faz somente olhar pra frente. No entanto, será que ao chegarmos nesse "ideal", ainda teremos a mesma idealização? Como cristão que sou, creio na ressurreição e na vida eterna, à qual só alcançamos com a morte. Creio nesse ideal ascético. Com isso, tenho consciência de que esse céu, por meio da graça de Deus,  já começamos a vivê-lo aqui. Já podemos experimentar esse ideal enquanto traçamos nosso caminho para a eternidade. É esse sabor que nos encoraja para irmos adiante. É esse sabor que nos faz olhar ao redor e apreciarmos essa vida como dom de Deus, e que o caminho, apesar de muitas vezes ser sofrido, ser custoso, nos leva ao deleite da vida que nos é prometida no agora vivido. Portanto, vamos fazer de nossas vidas uma subida mais leve. Ter objetivos e ideais é bom. É importante. No entanto, é preciso saber que dentro desse plano existe um entorno e que nesse entorno habitam as maravilhas que nos são dadas de graça, ou seja, pela graça. E claro, dentre essas maravilhas está o outro, aquele para quem muitas vezes temos a chance de ser morada da beleza a ser observada no caminho.