
Entre as grandes conquistas tecnológicas dos últimos tempos está o “milagre” dos produtos light. A própria palavra já denota o sentido: leve, suave. Ótimo. Isto é, enquanto esses termos estiverem sendo aplicados aos produtos fabricados.
A questão é que estamos gerando um ser humano light, que vai perdendo a força pra lutar por ideais nobres, especialmente quando isso exige esforço e renuncia. Uma vida assim, sem ideais e sem referenciais, gesta uma pessoa entediada, desolada, deprimida e pessimista. É o contrário da auto-superação.
Auto-superação exige a busca livre da verdade para a realização, para a felicidade. A felicidade não pode ser confundida com o bem-estar, o sentir-se bem, o evitar sentir-se mal. Ela é conseqüência de um projeto, de uma meta a ser atingida, de valores que nos impulsionam, ou seja, a felicidade é construída, é resultado de um projeto elaborado por alguém que se encontrou e procurou ser coerente com o mesmo. É superação contínua. É renuncia. É luta e não somente uma busca efêmera, vazia.
O ser humano light acaba por tornar-se uma vida seca, sem húmus. Sem humor. Vida fragilizada que aos poucos se destrói. Tudo fica difícil. Sem saída. É preciso que haja a restauração dos valores e a coragem para sair da superficialidade e para se perguntar a respeito da própria vida.
Esse homem acostumado com as facilidades e com a rapidez dos transportes e dos meios de comunicação descobre aqui, que, não foi inventado nenhum meio rápido, fácil e leve para se chegar onde ele mais precisa: dentro de si mesmo. Aí tudo cessa. A busca, a correria, a inquietação. Inicia-se a reconstrução dos valores, a construção da felicidade... O sabor da vida.
