“Metade de nossa alma é um bom amigo”. Assim dizia Santo Agostinho a respeito desses que chegam a nossas vidas, assim, como quem não quer nada, e acabam por se apoderarem de parte de nós.
Muitas são as frases e pensamentos que ouvimos a cerca dessa relação com esse desconhecido que nos encontros proporcionados pelo movimento da vida vai se aproximando; dessa aproximação as descobertas, as afinidades, as diferenças, enfim o conhecimento do outro. Outras vezes os melhores e mais fiéis amigos estão bem próximos de nós, debaixo do mesmo teto, mas, mesmo assim, o processo é o mesmo. Há-se de ter o encontro e o reconhecimento. No próprio processo se dá a melhor das explicações desse sentimento, desse relacionamento que nos chega como graça, como benção: o que encontramos nesse “outro” somos nós mesmos; encontramos no amigo aquela parte de nós que muitas vezes se faz distante, perdida. Daí a falta que sentimos deles, principalmente dos que não estão tão próximos fisicamente. Essa falta que sentimos, na verdade é a falta de nós mesmos. A falta do que não encontramos em nós e achamos no outro. Parece até um sentimento egoísta, mas não, ao analisarmos veremos que é comunhão.
Interessante que apesar da saudade, apesar da falta, em amizades verdadeiras e saudáveis não há lacunas, ou seja, como o outro é parte de nós, não é condição de existência da amizade a presença física, pois ela se faz primeiro no coração, não alma.
Condição para se receber essa graça de Deus chamada amigo é o autoconhecimento. A coragem de se revelar para si próprio, sem medos, vergonhas, reservas. Encarando as virtudes e as misérias, ou seja, se conhecer para poder chegar ao outro sem máscaras e reconhecer nele a parte de nós que nele está. Sem essa coragem para alcançarmos a nós mesmos, nos fechamos em nós, e, pior, nos fechamos superficialmente em nós e nossas relações se tornam todas superficiais, pairam na superfície.
Não podemos esperar que tenhamos esse relacionamento profundo com todas as pessoas com as quais nos deparamos; pelo contrário, são poucos os verdadeiros e bons amigos que “ganhamos” ao longo de nossa vida, contudo, nós não reconhecemos a amizade verdadeira apenas no depara-se com o outro. O amigo cativa e cativar é criar laços e pra isso é preciso conhecimento, tempo.
Tempo: palavra importante também na amizade. Tempo de crescimento, transformação, amadurecimento. Quem não sabe esperar, não sabe ser amigo, afinal, o amigo é a fração do tempo que parou para nós, exclusivamente, e sabe ser exclusivo sem se fechar para outras relações. O verdadeiro amigo nos abre para novas amizades. Não aprisiona.
Exemplo maior de um bom e verdadeiro amigo é Jesus. Ele ama incondicionalmente, conhece e respeita nossos limites, não nos aprisiona, nos deixa livres para escolher o amor. Não é ciumento, ao contrario, nos agracia com novas e verdadeiras amizades. Ele entende nossas dúvidas, medos, quedas e sempre nos acolhe, se inclina até nós e nos estende a mão.
O verdadeiro amigo está sacramentado em nosso coração, afinal, o tiramos do ordinário de nossa vida para colocarmos no extraordinário da mesma. Ser amigo é saber amar, e amar é mais que sentimento é decisão assim como a amizade também o é. Deixemo-nos sermos amigos.
A vocês meus amigos de caminhada, de oração, risos, choros, alegrias, tristezas, vitórias...Vidas compartilhadas...Comunhão. Dedico essas palavras, agradeço por me levarem a mim e peço que Deus os abençoe hoje, dia do amigo, e a cada dia, afinal são dias, anos, vidas de dedicação, palavras, orações, escutas, silêncios, enfim Amizades.
Feliz Dia do amigo!
