
Vivemos num mundo de diversidades. Nessas diversidades de formas, cores, atitudes, desejos, pensamentos, razões, verdades, sentimentos; nós sorrimos, choramos, nos relacionamos, trabalhamos, construímos, destruímos... Vivemos. Mas, geramos vida?
Esse “gerar vida” é mais do que o conceito, a priori, do termo, ou seja, é mais do que fecundação e formação embrionária. É relacionar-se, é doar-se, é amar. Isso remete ao modo como conduzimos nossas vidas e relacionamentos. Falemos, pois de alteridade, não de individualismo que exacerba o “eu”, nem de altruísmo que acaba por refutá-lo. Partamos para a individualidade na pluralidade, como bom exemplo que temos disso na Santíssima Trindade: Três Pessoas e um único Deus. Três que se relacionam, se interpenetram e agem para o bem comum de todos, e todos nós, com um princípio basilar: O amor.
Um exemplo prático desse relacionamento de amor tem-se, concretamente, na amizade. Para Aristóteles, por exemplo, a amizade é uma virtude extremamente necessária à vida. Mesmo que possuamos bens, riquezas, poder, ainda assim, não será suficiente se não tivermos a essencial e necessária amizade. Na ética aristotélica justiça e amizade possuem os mesmo fins, mas a amizade ainda é superior, pois, com nossos amigos não precisamos de justiça, afinal a natureza da amizade nos é completa, como mais autêntica forma de justiça. A amizade perfeita é aquela que existe entre homens que são bons e semelhantes na virtude, ou seja, há a reciprocidade de caráter e de objetivos, conseqüentemente portará a tendência de ser perene. Sua exigência peculiar resume-se em tempo e intimidade e a verdadeira amizade é invulnerável a calúnia.
Relacionando a dinâmica trinitária do amor, da individualidade na pluralidade, com o conceito de amizade como virtude e vivência de amor, talvez consigamos percorrer um bom caminho que nos leve à verdadeira alteridade. E,com isso, talvez sejamos capazes de agir tratando a humanidade como um fim, não como um meio, tendo como base salutar uma gama de comportamentos que abrange o respeito, a justiça, a fraternidade, a perseverança, a fidelidade e a esperança.
