
Em nossas andanças nos esbarramos, nos encontramos. O princípio de todo relacionamento se dá sempre da mesma maneira: na casualidade. Nela está inserido tudo o que podemos ou não deixar acontecer. O simples encontro, o olhar, o respeito, empatia, a antipatia, a amizade, o amor. Tudo isso, muitas vezes fica dependente de simples rótulos. Quanto perdemos. Quem sabe a oportunidade de uma duradoura amizade, ou, pelo menos, um gesto ou palavra que possa fazer com que naquele dia, naquele encontro, a vida daquele outro se torne melhor.
Falta atenção. Falta preocupação. Torna-se cada vez mais fácil assumirmos responsabilidades que visam atingir nossos objetivos particulares e é proporcionalmente mais cômodo o uso da falta de tempo ou do simples e vazio esquecimento como justificativa quanto às responsabilidades que naturalmente assumimos com o outro em nossos “esbarrões”.
Me surpreende a dinâmica da vida. Quando há espaço para a dialética do doar e receber, da reciprocidade do sentimento; quando há espaço para que o transcendental penetre no imanente humano o simples encontro casual abre portas para a vida que se dá em meio a erros e acertos, alegrias e tristezas, derrotas e vitórias, perdas e ganhos. Enfim se dá no processo natural da vida humana, o qual se torna mais leve, mais suave, mais feliz quando há cumplicidade, fidelidade e responsabilidade para com o outro que chega como dádiva.
Admiro-me com algumas vidas que entraram na minha. Algumas mais tardias outras que junto a mim crescemos mutuamente desde a mais tenra idade. Digo admirar no sentido de mirar, de focalizar de modo que esta seja exemplo para que me torne melhor a cada dia. São pessoas que seguem em frente, pessoas que assumem o outro, pessoas que sonham juntas, que compartilham as alegrias e as tristezas “apenas” por amor. Pessoas que lutam, que persistem, que mesmo na fraqueza se demonstram fortes, não por vaidade ou orgulho de não aceitar derrotas, mas é uma demonstração natural da certeza da superação. Ah... E como é gratificante e deveras prazeroso assistir e participar das vitórias dessas vidas.
Em casos especiais essas vitórias são sacramentos, buscados e aguardados com paciência e ardor, e alcançados como mérito de quem sabe enxergar-se como humano e divino, e como responsável pelo que conquista na estrada da vida. Que essa estrada seja percorrida com alegria. Que seja compartilhada Que seja trilhada na fé, na esperança e no amor.