
Estamos vivendo um momento de transição. Um processo iniciado com a individualização, com a emancipação do homem, com o progresso da ciência e com o sistema capitalista que potencializou todos os demais e nos carregou para um processo de globalização, com o qual nós ainda estamos nos habituando. Aprendendo de forma “trágica” a conviver com o novo a cada segundo. Essa rapidez tecnológica interfere no comportamento do próprio ser humano que se torna flexível demais dando origem a uma sociedade líquida que se molda de acordo com o momento. A moda, o estilo, a cópia. Com isso: o vazio existencial, a falta de vínculos, de responsabilidades definitivas, de compromissos. Somos Descartáveis.
Temos de concordar que os benefícios de tanto progresso são muitos; as facilidades são inúmeras. Mas não podemos esquecer que se há de ter o equilíbrio no usufruto dos mesmos, pois sem ele nos deparamos com crises existenciais, crescimento do individualismo, uso da liberdade de forma exacerbada, diminuição da solidariedade, deteriorização dos laços afetivos, degradação do meio ambiente, corrupção, satisfações instantâneas. Insatisfação. Por vezes temos a impressão de que o mundo escapa por entre nossos dedos, como a sociedades liquida citada acima.
Trata-se de uma crise de raízes antropológicas e espirituais. Vivemos num mundo que alimenta a cultura da morte. Perdeu-se a marca do ser humano que é chamado a viver a “vida divina”.
É preciso, para tanto, buscar uma ética global para que se manifestem e se concretizem os valores que foram perdidos. É preciso resgatar a importância da família, da educação, do amor, da religião, do comprometimento... É necessário buscar os quatro pilares da educação: aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a conviver; aprender a ser. Assim, deixaremos de ser pessoas aprovadas para sermos pessoas necessárias.
Descobriremos-nos necessários para o outro, para a vida de quem necessita de nosso apoio, de nossa doação, de nossa solidariedade. Solidariedade essa que é a chave para lutarmos e sairmos da crise pela qual passamos, para crescermos juntos como humanos e divinos que somos.