
A beleza de ser humano está exatamente na capacidade de viver, acolher as experiências vividas e interpretá-las, reinterpretá-las, reinventar-se a cada queda, a cada vitória, a cada escolha mal feita, a cada momento de superação. Para tanto é necessário o uso de algo que só nós, humanos, detemos: a razão. Porém, o uso dessa razão não significa reduzir o objeto à abstrata clareza cartesiana. Trata-se do “PENSAR” e “REPENSAR”.
Infelizmente há algum tempo não se pensa mais. Não se constrói. Apenas se reproduz. Vivemos uma repetição contínua, uma reprodução do sistema vigente. Funcionamos, em todos os aspectos de nossa vida, como funcionários de uma produtora em série: cada um desenvolve sua função como se pede, sem olhar para o lado, individualmente, tendo como objetivo a produção, e o aumento dela. Assim trabalhamos assim nos relacionamos, assim vivemos. E ainda falamos em liberdade... Vivemos o sonho da falsa liberdade de forma tão mecânica e repetitiva que não nos damos conta de que nos tornamos escravos do trabalho, escravos da natureza, da propriedade, escravos da violência, das câmeras de segurança... Enfim, presos num sistema contraditório que prega a liberdade, mas aprisiona.
Esse aprisionamento em forma de falsa liberdade chega a encarcerar até mesmo o pensamento e a sua produção. Não se desenvolve e nem se luta mais por ideologias que denotam verdades, mesmo que sejam verdades provisórias, afinal é assim que somos; nossas verdades fazem parte de todo um sistema que nos constitui, o qual está em constante reforma, são provisórias. As verdades, os objetivos, os sonhos, andam tão vazios e tão parecidos. Tão indiferentes com os outros. Tão egoístas. O subjetivismo chegou a tal ponto que até Deus e religião se tornam dependentes do “eu”. A religião não é mais um “religar” do homem com o mistério, com o divino; é um ato de busca momentânea de um Deus “tapa buraco”.
É preciso repensar, mas isso implica antes de qualquer coisa em “pensar”: sair da mediocridade do senso comum. Ter consciência que o pensamento não nega o “mistério”, mas somente a preguiça mental diante dele; não nega a cultura ou a tradição, mas apenas o seu congelamento na repetição de um passado morto e de um presente cuja insistência só leva a alienação e à indiferença ao próximo e suas necessidades. Pensar “o outro” abrange sua totalidade e alcança nossa fragilidade, nos levando a novos conceitos, novos valores, novas prioridades.
Pensar remete ao trabalho do conceito, à nova tarefa de analisar implicações, esclarecer o contexto e buscar significação efetiva e afetiva. Assim o RE-PENSAR é volta contínua à experiência fundante. É a necessidade de pensar - o hoje de novo - considerando o novo contexto que nos leva a novos paradigmas. Respeitando o passado, com livre responsabilidade pelo presente, construindo um futuro melhor.
Fredinho,
ResponderExcluirsaudade de vc meu querido.
ótima sua nova postagem,
arrasou!
bjo grande
Oi Fred
ResponderExcluirMuito bom saber que pessoas como vc existem
e nos trazem belas mensagens. Q nos fazem parar, refletir e mudar.
Obrigada
Beijinhos
Bom dia irmao...paz..
ResponderExcluirótimo mensagem
abraços
"Só o ser humano é capaz de medir e valorar, de pensar e aprender com seus erros e viver das consequencias do mesmo" (F. Nietzsche). Creio que essa passagem da Genealogia da Moral mostra bem o que você expressa nessa reflexão. É, sem sombra de dúvidas, uma expressão do seu caráter realista!
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