Bem Vindos

"...Por isso lhe faço esse convite e abro esse espaço onde coloco pensamentos, experiências. Diminuindo distâncias, quebrando barreiras, estreitando laços já firmados e criando outros que com certeza serão abençoados por Deus. Pelo menos tem sido assim em minha vida. A cada dia descubro que Deus está comigo, se revelando em cada pessoa que Ele escolhe e coloca em meu caminho pra ser apoio, guia, porto seguro, enfim... Seja Bem Vindo – AMIGO"
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domingo, 28 de agosto de 2011

E uma criança os guiará

A fotografia é simples, apenas um detalhe: duas mãos dadas, uma mão segurando a outra. Uma delas é grande, a outra é pequena. Isso é tudo. Mas a imaginação não se contenta com o fragmento, completa o quadro: é um pai que passeia com seu filho. O pai, adulto, segura com firmeza a mão da criança. Ele conduz o filho, aponta para as coisas, mostrando como são bonitas, interessantes, engraçadas...O menino vai sendo apresentado ao mundo. 
É assim que as coisas acontecem: os grandes ensinam, os pequenos aprendem. As crianças nada sabem sobre o mundo. Alberto Caeiro tem um poema sobre o olhar, que ele diz ser igual a uma criança:
 "Meu olhar é nítido como um girassol. E o que vejo a cada momento é aquilo que nunca antes eu tinha visto, e eu sei dar por isso muito bem...Sei ter o pasmo essencial que tem uma criança se, ao nascer, reparasse que nascera deveras... Sinto-me nascido a cada momento para a eterna novidade do mundo."
O olhar das crianças é pasmado! Veem o que nunca tinham visto! Não sabem das coisas. Um outro de mão grande é que conduz. 
Segue-se, então, logicamente, que as crianças são os alunos e os adultos são os professores. Diferença entre quem sabe e quem não sabe. Afinal dizer o contrário seria devaneio. Porque aí as crianças teriam que ensinar os adultos. Porém, nesse caso, as crianças teriam um saber que os adultos não têm. Se já tiveram, perderam... Mas quem levaria a sério tal hipótese? Um profeta do Antigo Testamento, Isaías, resumiu tal pedagogia em uma bela frase: "...e uma criança pequena os guiará." (Is 11,6)
Se colocarmos essa frase ao pé da fotografia tudo fica ao contrário: é a criança que vai mostrando o caminho. O adulto vai sendo conduzido: olhos arregalados, bem abertos, vendo coisas que nunca viu. São as crianças que veem as coisas - porque elas veem sempre pela primeira vez com espanto, com assombro de que elas sejam do jeito que são. Os adultos, de tanto vê-las, já não veem mais. As coisas, as mais maravilhosas, ficam banais. Ser adulto é ser cego. Já dizia Fernando Pessoa: "Vale mais a pena ver uma coisa sempre pela primeira vez que conhecê-la. Porque conhecer é como nunca ter visto pela primeira vez...As crianças nos fazem ver a eterna novidade do mundo...".

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