
A experiência do prazer, tão boa, sempre nos coloca diante do vazio. A teologia de Santo Agostinho se constrói sobre esse vazio que se segue ao prazer. Depois de esgotado o prazer, existe, na alma, a nostalgia por algo indefinível. Que indefinível é esse que, se encontrado, nos traria alegria? A nostalgia... A necessidade de regressar, de se encontrar com a origem, com o Divino, com Deus.
O prazer só acontece se o corpo tiver a posse do objeto. O prazer se farta logo. Quantos sorvetes sou capaz de tomar antes que ele se transforme de objeto de prazer para causa de sofrimento? O prazer tem vida curta.
A alegria não precisa da posse do objeto desejado para existir. O rosto de uma pessoa querida, que está longe ou já faleceu; a simples memória de acontecimentos bons me traz alegria. A alegria é simples. Nunca se farta. Ela pede mais alegria, é fome insaciável. Dela nunca se diz: Estou satisfeito, Chega!
O prazer e a alegria não são científicos; não podem ser ditos na linguagem da ciência. " A ciência pode classificar e nomear os órgãos de um sabiá, mas não pode medir seus encantos"...
Baseado na obra de Rubem Alves: Variações sobre o prazer.
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