COMUNICAÇÃO É COMUNHÃO

"Novas tecnologias, novas relações. Promover uma cultura de respeito, de diálogo, de amizade".

Esta é uma exortação acerca da nova era das tecnologias digitais, as quais interferem diretamente nas relações humanas, e que, por isso, despertam grande preocupação no que diz respeito à comunhão, à partilha de dons, de afetos, de encontros e desencontros entre humanos que nasceram e vivem dependentes uns dos outros. Afinal, são nas relações humanas que se dá o dom da vida, onde nasce a amizade, a fraternidade. São nos relacionamentos interpessoais que o mundo, a vida, ganha forma e se desenvolve em todos os âmbitos, em todos os aspectos, sejam eles político, econômico, religioso ou social.

São muitos os novos meios de comunicação que chegam até nós mediados por novas tecnologias que abrem portas para o nosso avanço intelectual, conhecimentos e contatos com novas culturas, religiões, lugares nunca por nós imaginados, acontecimentos e fatos que nos chegam instantaneamente; em tempo real.

O tempo. Aí está a palavra chave para tanto desenvolvimento, tantas mudanças, tanta correria. A frase mais repetida hoje por todas as pessoas, talvez seja: “não tenho tempo”. Daí as pesquisas para grandes e novas descobertas que fazem com que nossos afazeres diários se tornem mais rápidos e produtivos. Ganhamos com isso certa agilidade, e, consequentemente, mais tempo para o inevitável efêmero. As pessoas se distanciam, vivem cada uma por si só. Não há mais tempo para partilha, para o diálogo, enfim, para o movimento e desenvolvimento da vida, que se dá através da união, da doação, da comunhão. Em meio a isso, e com grande destaque, está a onipresença da internet que chega até nós com suas bandas largas, fibras óticas, modem, cabos, satélites, rede elétrica, wireless. Muitos são os meios, e, também, muitos devem ser os cuidados para que esse grande dom da humanidade, a tecnologia, seja usado a favor dos seres humanos.

Vemos brotar hoje dos meios virtuais, todo tipo de relacionamentos entre pessoas do mundo todo, das mais diversas tribos e culturas. Por um lado isso é bom, afinal se abre para nós um leque de possibilidades nunca antes imaginadas e encurta distâncias nunca antes percorridas. Mas, por outro lado, existe o risco de se deixar passar possibilidades reais, pessoas reais que estão ao nosso lado. Nossa família, nossos amigos de infância, nossos vizinhos. Esses muitas vezes se tornam mais virtuais que a nossa lista de contatos dos sites de relacionamento. Isso acontece com muito mais ênfase na vida dos jovens que nasceram em meio a esta era digital, essa nova era que nos pega de surpresa a cada dia, com mais e mais inovações. Inovações essas, acompanhadas com a mesma velocidade que são criadas, por tantos adolescentes que fazem de seus computadores seu principal e perigoso meio de comunicação com o mundo.

Diante disso, há, como em tudo que fazemos e desenvolvemos em nossa vida, a necessidade do equilíbrio para que possamos fazer bom uso de todos os dons que recebemos, inclusive das novas tecnologias e das novas relações que são capazes de promover uma cultura de respeito, de diálogo e amizade. E, mais que isso, havendo compromisso e doação por parte de todos nós elas são capazes de transmitir valores de vida, de evangelização. Atitudes que denotam a partilha da vida, a escuta, o conhecimento. Afora isso, está o maior objetivo: a humanização do outro, desse outro que sofre, sonha, se alegra, chora, que tem problemas, angustias, doenças. Enfim, fugir do método cartesiano onde tudo se torna objeto inanimado e partir para o sujeito, para o humano, ou melhor, para humanidade e sua comum união.

FREDERICO DANIEL